O verdadeiro homem de bem é aquele que faz a outrem aquilo que queria que os outros lhe fizessem.

"Não existe ensinamento que melhor expresse os ensinamentos do Cristo, do que a máxima: Amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos amei".

Chico Xavier


Ensinamento.

Um vídeo de pouco mais de 2 minutos, ensina o que devemos fazer durante TODA A VIDA. Devido às coisas do mundo, à nossa dificuldade em sermos pessoas pacíficas e não-maledicentes, à nossa dificuldade em "engolirmos" nosso orgulho, é muito difícil. Mas não é impossível, e, o simples exercício leva-nos à prática e então ao hábito constante e voluntário. Façamos o que Chico Xavier aconselha:


Suicídio

Muitas pessoas, atormentadas pelos obstáculos e amarguras da vida, escolhem um caminho extremo, que é o suicídio, na esperança de ver cessar um sofrimento. Decidem-se por este ato brutal, imaginando que, desta forma podem "escapar" de determinada situação, vendo-se, então, livres de seus problemas. Ledo engano. O suicídio, além de ser uma atitude equivocada, é um gesto que lesiona gravemente o perispírito, trazendo sensações terríveis ao então desencarnado, fazendo-o ter consciência, de maneira lenta e dolorosa que, só o que cessa com seu ato extremo, é, justamente, a vida do corpo físico.
Quando uma pessoa comete este triste ato, diferente do que imagina, ela pode se desvencilhar daqueles problemas materiais que tanto lhe atormentavam, mas contraiu para si, agora, inevitável suplício, devido à agressão no perispírito e também àquela tentativa forçada de desligamento.
No livro "Memórias de um Suicida", de Yvone A. Pereira, deparamo-nos com todos os tormentos sentidos pelo espírito de um suicída, desde a morte do corpo físico, passando pelas terríveis sensações ainda no túmulo, e finalmente indo para o Vale dos Suicidas:

"As primeiras horas que se seguiram ao gesto brutal de que usei, para comigo
mesmo, passaram-se sem que verdadeiramente eu pudesse dar acordo de mim. Meu
Espírito, rudemente violentado, como que desmaiara, sofrendo ignóbil colapso. Os
sentidos, as faculdades que traduzem o "eu" racional, paralisaram-se como se
indescritível cataclismo houvesse desbaratado o mundo, prevalecendo, porém, acima dos
destroços, a sensação forte do aniquilamento que sobre meu ser acabara de cair. Fora
como se aquele estampido maldito, que até hoje ecoa sinistramente em minhas vibrações
mentais -, sempre que, descerrando os véus da memória, como neste instante, revivo o
passado execrável - tivesse dispersado uma a uma as moléculas que em meu ser
constituíssem a Vida!
A linguagem humana ainda não precisou inventar vocábulos bastante justos e
compreensíveis para definir as impressões absolutamente inconcebíveis, que passam a
contaminar o "eu" de um suicida logo às primeiras horas que se seguem ao desastre, as
quais sobem e se avolumam, envolvem-se em complexos e se radicam e cristalizam num
crescendo que traduz estado vibratório e mental que o homem não pode compreender,
porque está fora da sua possibilidade de criatura que, mercê de Deus, se conservou
aquém dessa anormalidade. Para entendê-la e medir com precisão a intensidade dessa
dramática surpresa, só outro Espírito cujas faculdades se houvessem queimado nas
efervescências da mesma dor!
Nessas primeiras horas, que por si mesmas constituiriam a configuração do
abismo em que se precipitou, se não representassem apenas o prelúdio da diabólica
sinfonia que será constrangido a interpretar pelas disposições lógicas das leis naturais
que violou, o suicida, semi-inconsciente, adormentado, desacordado sem que, para maior
suplício, se lhe obscureça de todo a percepção dos sentidos, sente-se dolorosamente
contundido, nulo, dispersado em seus milhões de filamentos psíquicos violentamente
atingidos pelo malvado acontecimento. Paradoxos turbilhonam em volta dele, afligindo-lhe
a tenuidade das percepções com martirizantes girândolas de sensações confusas. Perdese
no vácuo... Ignora-se...Não obstante aterra-se, acovarda-se, sente a profundidade
apavorante do erro contra o qual colidiu, deprime-se na aniquiladora certeza de que
ultrapassou os limites das ações que lhe eram permitidas praticar, desnorteia-se
entrevendo que avançou demasiadamente, para além da demarcação traçada pela
Razão! É o traumatismo psíquico, o choque nefasto que o dilacerou com suas tenazes
inevitáveis, e o qual, para ser minorado, dele exigirá um roteiro de urzes e lágrimas,
decênios de rijos testemunhos até que se reconduza às vias naturais do progresso,
interrompidas pelo ato arbitrário e contraproducente.
Pouco a pouco, senti ressuscitando das sombras confusas em que mergulhei meu
pobre Espírito, após a queda do corpo físico, o atributo máximo que a Paternidade Divina
impôs sobre aqueles que, no decorrer dos milênios, deverão refletir Sua imagem e
semelhança; - a Consciência! a Memória! o divino dom de pensar!
Senti-me enregelar de frio. Tiritava! Impressão incômoda, de que vestes de gelo
se me apegavam ao corpo, provocou-me inavaliável mal-estar. Faltava-me, ao demais, o
ar para o livre mecanismo dos pulmões, o que me levou a crer que, uma vez que eu me
desejara furtar à vida, era a morte que se aproximava com seu cortejo de sintomas
dilacerantes.
Odores fétidos e nauseabundos, todavia, revoltavam-me brutalmente o olfato. Dor
aguda, violenta, enlouquecedora, arremeteu-se instantaneamente sobre meu corpo por
inteiro, localizando-se particularmente no cérebro e iniciando-se no aparelho auditivo.
Presa de convulsões indescritíveis de dor física, levei a destra ao ouvido direito: - o
sangue corria do orifício causado pelo projétil da arma de fogo de que me servira para o
suicídio e manchou-me as mãos, as vestes, o corpo... Eu nada enxergava, porém.
Convém recordar que meu suicídio derivou-se da revolta por me encontrar cego, expiação
que considerei superior às minhas forças. Injusta punição da natureza aos meus olhos
necessitados de ver, para que me fosse dado obter, pelo trabalho, a subsistência honrada
e ativa.
Sentia-me, pois, ainda cego; e, para cúmulo do meu estado de desorientação,
encontrava-me ferido. Tão somente ferido e não morto! Porque a vida continuava em mim
como antes do suicídio!
Passei a reunir idéias, mau grado meu. Revi minha vida em retrospecto, até à
infância, e sem mesmo omitir o drama do último ato, programação extra sob minha inteira
responsabilidade. Sentindo-me vivo, averigüei, conseqüentemente, que o ferimento que
em mim mesmo fizera, tentando matar-me, fora insuficiente, aumentando assim os já tão
grandes sofrimentos que desde longo tempo me vinham perseguindo a existência. Supusme
preso a um leito de hospital ou em minha própria casa. Mas a impossibilidade de
reconhecer o local, pois nada via; os incômodos que me afligiam, a solidão que me
rodeava, entraram a me angustiar profundamente, enquanto lúgubres pressentimentos
me avisavam de que acontecimentos irremediáveis se haviam confirmado. Bradei por
meus familiares, por amigos que eu conhecia afeiçoados bastante para me
acompanharem em momentos críticos. O mais surpreendente silêncio continuou
enervando-me. Indaguei mal-humorado por enfermeiros, por médicos que possivelmente
me atenderiam, dado que me não encontrasse em minha residência e sim retido em
algum hospital; por serviçais, criados, fosse quem fosse, que me obsequiar pudessem,
abrindo as janelas do aposento onde me supunha recolhido, a fim de que correntes de ar
purificado me reconfortassem os pulmões; que me favorecessem coberturas quentes,
acendessem a lareira para amenizar a gelidez que me entorpecia os membros,
providenciando bálsamo às dores que me supliciavam o organismo, e alimento, e água,
porque eu tinha fome e tinha sede!
Com espanto, em vez das respostas amistosas por que tanto suspirava, e que
minha audição distinguiu, passadas algumas horas, foi um vozerio ensurdecedor, que,
indeciso e longínquo a princípio, como a destacar-se de um pesadelo, definiu-se
gradativamente até positivar-se em pormenores concludentes. Era um coro sinistro, de
muitas vozes confundidas em atropelos, desnorteadas, como aconteceria numa
assembléia de loucos.
No entanto, estas vozes não falavam entre si, não conversavam. Blasfemavam,
queixavam-se de múltiplas desventuras, lamentavam-se, reclamavam, uivavam, gritavam
enfurecidas, gemiam, estertoravam, choravam desoladoramente, derramando pranto
hediondo, pelo tono de desesperação com que se particularizava; suplicavam, raivosas,
socorro e compaixão!
Aterrado senti que estranhos empuxões, como arrepios irresistíveis, transmitiamme
influenciações abomináveis, provindas desse todo que se revelava através da
audição, estabelecendo corrente similar entre meu ser superexcitado e aqueles cujo
vozerio eu distinguia. Esse coro, isócrono, rigorosamente observado e medido em seus
intervalos, infundiu-me tão grande terror que, reunindo todas as forças de que poderia o
meu Espírito dispor em tão molesta situação, movimentei-me no intuito de afastar-me de
onde me encontrava para local em que não mais o ouvisse.
Tateando nas trevas tentei caminhar. Mas dir-se-ia que raízes vigorosas
plantavam-me naquele lugar úmido e gelado em que me deparava. Não podia despegarme!
Sim! Eram cadeias pesadas que me escravizavam, raízes cheias de seiva, que me
atinham grilhetado naquele extraordinário leito por mim desconhecido, impossibilitandome
o desejado afastamento. Aliás, como fugir se estava ferido, desfazendo-me em
hemorragias internas, manchadas as vestes de sangue, e cego, positivamente cego?!
Como apresentar-me a público em tão repugnante estado?...
A covardia - a mesma hidra que me atraíra para o abismo em que agora me
convulsionava – alongou ainda mais seus tentáculos insaciáveis e colheu-me
irremediavelmente! Esqueci-me de que era homem, ainda uma segunda vez! e que
cumpria lutar para tentar vitória, fosse a que preço fosse de sofrimento! Reduzi-me por
isso à miséria do vencido! E, considerando insolúvel a situação, entreguei-me às lágrimas
e chorei angustiosamente, ignorando o que tentar para meu socorro. Mas, enquanto me
desfazia em prantos, o coro de loucos, sempre o mesmo, trágico, funéreo, regular como o
pêndulo de um relógio, acompanhava-me com singular similitude, atraindo-me como se
emanado de irresistíveis afinidades... Insisti no desejo de me furtar à terrível audição.
Após esforços desesperados, levantei-me. Meu corpo enregelado, os músculos retesados
por entorpecimento geral, dificultavam-me sobremodo o intento. Todavia, levantei-me. Ao
fazê-lo, porém, cheiro penetrante de sangue e vísceras putrefatos reacendeu em torno,
repugnando-me até às náuseas. Partia do local exato em que eu estivera dormindo. Não
compreendia como poderia cheirar tão desagradavelmente o leito onde me achava. Para
mim seria o mesmo que me acolhia todas as noites! E, no entanto, que de odores fétidos
me surpreendiam agora! Atribui o fato ao ferimento que fizera na intenção de matar-me, a
fim de explicar-me de algum modo a estranha aflição, ao sangue que corria, manchandome
as vestes. Realmente! Eu me encontrava empastado de peçonha, como um lodo
asqueroso que dessorasse de meu próprio corpo, empapando incomodativamente a
indumentária que usava, pois, com surpresa, surpreendi-me trajando cerimoniosamente,
não obstante retido num leito de dor. Mas, ao mesmo tempo que assim me apresentava
satisfações, confundia-me na interrogação de como poderia assim ser, visto não ser
cabível que um simples ferimento, mesmo a quantidade de sangue espargido, pudesse
tresandar a tanta podridão, sem que meus amigos e enfermeiros deixassem de
providenciar a devida higienização.
Inquieto, tateei na escuridão com o intuito de encontrar a porta de saída que me
era habitual, já que todos me abandonavam em hora tão critica. Tropecei, porém, em
dado momento, num montão de destroços e, instintivamente, curvei-me para o chão, a
examinar o que assim me interceptava os passos. Então, repentinamente, a loucura
irremediável apoderou-se de minhas faculdades e entrei a gritar e uivar qual demônio
enfurecido, respondendo na mesma dramática tonalidade à macabra sinfonia cujo coro de
vozes não cessava de perseguir minha audição, em intermitências de angustiante
expectativa.
O montão de escombros era nada menos do que a terra de uma cova
recentemente fechada!
Não sei como, estando cego, pude entrever, em meio as sombras que me
rodeavam, o que existia em torno!
Eu me encontrava num cemitério! Os túmulos, com suas tristes cruzes em
mármore branco ou madeira negra, ladeando imagens sugestivas de anjos pensativos,
alinhavam-se na imobilidade majestosa do drama em que figuravam.
A confusão cresceu: - Por que me encontraria ali? Como viera, pois nenhuma
lembrança me acorria?... E o que viera fazer sozinho, ferido, dolorido, extenuado?... Era
verdade que "tentara" o suicídio, mas...
Sussurro macabro, qual sugestão irremovível da Consciência esclarecendo a
memória aturdida pelo ineditismo presenciado, percutiu estrondosamente pelos
recôncavos alarmados do meu ser:
"Não quiseste o suicídio?... Pois aí o tens..." Mas, como assim?... Como poderia
ser... se eu não morrera?!... Acaso não me sentia ali vivo?... Por que então sozinho,
imerso na solidão tétrica da morada dos mortos?!...
Os fatos irremediáveis, porém, impõem-se aos homens como aos Espíritos com
majestosa naturalidade. Não concluíra ainda minhas ingênuas e dramáticas
interrogações, e vejo-me, a mim próprio! como à frente de um espelho, morto, estirado
num ataúde, em franco estado de decomposição, morto dentro de uma sepultura,
justamente aquela sobre a qual acabava de tropeçar!
Fugi espavorido, desejoso de ocultar-me de mim mesmo, obsidiado pelo mais
tenebroso horror, enquanto gargalhadas estrondosas, de indivíduos que eu não lograva
enxergar, explodiam atrás de mim e o coro nefasto perseguia meus ouvidos torturados,
para onde quer que me refugiasse. Como louco que realmente me tornara, eu corria,
corria, enquanto aos meus olhos cegos se desenhava a hediondez satânica do meu
próprio cadáver apodrecendo no túmulo, empastado de lama gordurosa, coberto de
asquerosas lesmas que, vorazes, lutavam por saciar em suas pústulas a fome
inextinguível que traziam, transformando-o no mais repugnante e infernal monturo que me
fora dado conhecer!
Quis furtar-me à presença de mim mesmo, procurando incidir no ato que me
desgraçara, isto é - reproduzi a cena patética do meu suicídio mentalmente, como se por
uma segunda vez buscasse morrer a fim de desaparecer na região do que, na minha
ignorância dos fatos de além-morte, eu supunha o eterno esquecimento! Mas nada havia
capaz de aplacar a malvada visão! Ela era, antes, verdadeira! Imagem perfeita da
realidade que sobre o meu físico espiritual se refletia, e por isso me acompanhava para
onde quer que eu fosse, perseguia minhas retinas sem luz, invadia minhas faculdades
anímicas imersas em choques e se impunha à minha cegueira de Espírito caído em
pecado, supliciando-me sem remissão!
Na fuga precipitada que empreendi, ia entrando em todas as portas que
encontrava abertas, a fim de ocultar-me em alguma parte. Mas de qualquer domicílio a
que me abrigasse, na insensatez da loucura que me enredava, era enxotado a pedradas
sem poder distinguir quem, com tanto desrespeito, assim me tratava. Vagava pelas ruas
tateando aqui, tropeçando além, na mesma cidade onde meu nome era endeusado como
o de um gênio - sempre aflito e perseguido. A respeito dos acontecimentos que com
minha pessoa se relacionavam, ouvi comentários destilados em críticas mordazes e
irreverentes, ou repassados de pesar sincero pelo meu trespasse, que lamentavam.
Tornei a minha casa. Surpreendente desordem estabelecera-se em meus
aposentos, atingindo objetos de meu uso pessoal, meus livros, manuscritos e
apontamentos, os quais já não eram por mim encontrados no local costumeiro, o que
muito me enfureceu. Dir-se-ia que se dispersara tudo! Encontrei-me estranho em minha
própria casa! Procurei amigos, parentes a quem me afeiçoara. A indiferença que lhes
surpreendi em torno da minha desgraça chocou-me dolorosamente, agravando meu
estado de excitação. Dirigi-me então a consultórios médicos. Tentei fixar-me em hospitais,
pois que sofria, sentia febre e loucura, supremo mal-estar torturava meu ser, reduzindome
a desolador estado de humilhação e amargura. Mas, a toda parte que me dirigia,
sentia-me insocorrido, negavam-me atenções, despreocupados e indiferentes todos ante
minha situação. Em vão objurgatórias azedas saíam de meus lábios acompanhadas da
apresentação, por mim próprio feita, do meu estado e das qualidades pessoais que meu
incorrigível orgulho reputava irresistíveis: - pareciam alheios às minhas insistentes
algaravias, ninguém me concedendo sequer o favor de um olhar!
Aflito, insofrido, alucinado, absorvido meu ser pelas ondas de agoirantes
amarguras, em parte alguma encontrava possibilidade de estabilizar-me a fim de lograr
conforto e alívio! Faltava-me alguma coisa irremediável, sentia-me incompleto! Eu perdera
algo que me deixava assim, entonteado, e essa "coisa" que eu perdera, parte de mim
mesmo, atraía-me para o local em que se encontrava, com as irresistíveis forças de um
ímã, chamava--me imperiosa, irremediavelmente! E era tal a atração que sobre mim
exercia, tal o vácuo que em mim produzira esse irreparável acontecimento, tão profunda a
afinidade, verdadeiramente vital, que a essa "coisa" me unia - que, não sendo possível,
de forma alguma, fixar-me em nenhum local para que me voltasse, tornei ao sítio
tenebroso de onde viera: - o cemitério!
Essa "coisa", cuja falta assim me enlouquecia, era o meu próprio corpo - o meu
cadáver! – apodrecendo na escuridão de um túmulo!
Sendo assim, o suicídio, não leva a outro destino, senão à um grande e lento periodo de conscientização pelo próprio espírito, processo "doloroso" e de extrema provação, onde o espírito é induzido, pelo seu próprio ato, a arrepender-se deste ato, tomando ciência das Leis Espirituais que regem o Universo e também tomando ciência da brutalidade absurda de sua decisão extrema, em tempos onde reencarnar é cada vez mais difícil.
Infelizmente, e, não raro, o espírito suicida torna-se ainda um espírito obsessor, em virtude de seus descontentamentos terrenos e de seu desejo de vingança contra alguém que, erroneamente, julga ser responsável ou responsáveis pelas suas amarguras. Nestes casos, as coisas são ainda mais difíceis, pois além de arrepender-se do mal que fez contra si próprio, ainda tem de exercer o amor e o perdão para com o próximo. É o caso, por exemplo, do espírito de "Alexandre", interpretado por Guilherme Fontes, na novela "A Viagem":
As características físicas deste Vale, variam, de acordo com o grau de tormento interno vivenciado por cada grupo de espíritos, não diferenciando portanto, do que vimos em outras literaturas, onde recebemos informações que, a aparência dos planos inferiores nada mais é do que a projeção do que se passa na mente dos espíritos que nestes planos se encontram.
Mas é sabido que, apesar de vitimados por sua própria arbitrariedade, nem mesmo os espíritos dos suicidas estão esquecidos, segregados da Misericórdia Divina. Devido à condição de seu desencarne, passam sim por doloroso e lento processo no plano espiritual, mas são, como todos os outros espíritos, merecedores de socorro quando se arrependem e pedem este socorro. Há menção, inclusive, no livro "Memórias de um Suicida", de uma caravana celestial, denominada "Legião dos Servos de Maria", que realiza incursões periódicas no Vale dos Suicidas, com a finalidade de socorrer, resgatar estes irmãozinhos.
E nós, encarnados, devemos orar, pedir à Maria, Mãe de Misericórdia infinita e suprema, que nunca cesse com esta compaixão e este socorro, pois estes irmãozinhos são espíritos infelizes, sofredores e equivocados.